sábado, 9 de maio de 2009

Em nenhum outro período da vida o ser humano faz tantas conquistas motoras, mentais e sociais quanto nos primeiros anos. São revoluções que encantam os pais


Patrícia Cerqueira


Fernando Martinho

Os pais ficam loucos por novidades, mas não adianta apressar os passos dos bebês. Cada nova habilidade é o aperfeiçoamento de uma anterior ou a combinação de outras já aprendidas. Segue uma seqüência predeterminada porque quem comanda esse espetáculo é o cérebro, e seu amadurecimento se dá em etapas. Leva a criança a firmar a musculatura dos olhos, depois a sustentar o pescoço, o tórax, até lá na frente ficar em pé. Esse percurso tem a ver com a formação dos circuitos neurológicos, que é induzida pela mielina, uma substância branca e gordurosa que aos poucos recobre as células nervosas. Sua função é agilizar o tráfego de impulsos nervosos entre as células para ativar as sinapses, as conexões que permitem a comunicação entre os neurônios. "Quando isso acontece, os estímulos fazem diferença. Um neurônio pode fazer sinapses com outros dois se a criança não for estimulada. Se for, é capaz de se conectar com outros dez", diz o neurologista Luiz Celso Vilanova. Não é preciso fazer malabarismos. O interesse, o afeto, os cuidados com o bebê são estímulos naturais sempre renovados pelos avanços da criança, que provocam novas respostas nos adultos. Acompanhe a seguir como tudo isso acontece.

Primeiro mês

Nesse início de vida, o bebê não controla nem a musculatura dos olhos. De todos os seus sentidos, a visão é a menos desenvolvida, por não ter sido exigida durante a gestação. No recém-nascido, seu alcance é de 20 a 30 centímetros, mais ou menos a distância entre o rosto do bebê e o da mãe na hora da amamentação. A criança não consegue focalizar objetos além dessa medida. As imagens são embaçadas e duplas porque as duas retinas ainda não estão unidas. O bebê é míope. Para ajudar nesse avanço, coloque móbiles coloridos sobre o berço. O olhar do bebê é atraído por objetos em movimento e de cores contrastantes, como preto e branco. Aos 6 meses, a visão estará quase igual à de um adulto. A audição do recém-nascido, ao contrário, é tão boa quanto a dos pais, porque começa a se desenvolver a partir do quinto mês de gestação. O feto escuta os movimentos dos órgãos maternos. A batida do coração da mãe gera ruídos que podem alcançar 95 decibéis. Tanto barulho quanto o de um helicóptero em pleno vôo. Por isso, com apenas 3 dias, o bebê reconhece a voz da mãe e, em 20, emite sons em resposta ou vira a cabeça em direção ao barulho. Com 1 mês, ele registra a seqüência de palavras e, com 8 semanas, será capaz de demonstrar preferência pelo idioma materno. O paladar do recém-nascido também é aguçado. "Ele tem capacidade de distinguir o salgado, azedo, amargo e doce. Gosta mais do último", diz a pediatra Rosa Resegue. Segundo ela, logo nos primeiros dias o bebê reconhece o leite materno entre o de outros seios. Nesse início, pode mamar cerca de dez vezes ao dia e dormir de 20 a 22 horas. A alimentação e o sono entram aos poucos na rotina. Acordado, o bebê parece estabanado e assustado em seus movimentos. Ele não os controla, são reflexos involuntários.

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